Sébastien Auguste Sisson

sisson-ColorizedA História da família Sisson no Brasil começa em 1852 quando o francês Sébastien Auguste Sisson migrou desembarcando na cidade do Rio de Janeiro.

Filho do supervisor de uma fábrica de tecidos, George Sisson e de Marie Barbe Lott Sisson, nasceu em Issenheim, comune da região da Alsácia, França, em 2 de maio de 1824.

Também conhecido como S. A. Sisson e Sebastião Sisson,  foi pintor, desenhista, litógrafo e caricaturista com experiência adquirida em Paris, especializando-se em retratos. No Rio de Janeiro, fixou ateliê em diversos locais do Centro da cidade.

Trabalhou para importantes revistas ilustradas da época como “O Brasil Illustrado” e “L’Iride Italiana”.

Duas publicações de sua autoria são de exepcional valor histórico:

  • Álbum do Rio de Janeiro Moderno, com 12 litografias de lugares do Rio de Janeiro;
  • Galeria dos Brasileiros Ilustres (volume 1; volume 2), com 90 retratos litografados dos homens mais ilustres do Brasil na política, ciências e letras daquela época, acompanhados da assinatura e biografia de cada personalidade.
vista do jardim botanico

Vista do Jardim Botânico. Parte do “Álbum do Rio de Janeiro Moderno”

d.pedro

D. Pedro II. Gravura da “Galeria dos Brasileiros Ilustres”.

A propósito de algumas litografias de Sisson, tive há alguns dias uma visão do Senado de 1860. Visões valem o mesmo que a retina em que se operam. Um político, tornando a ver aquele corpo, acharia nele a mesma alma dos seus correligionários extintos, e um historiador colheria elementos para a história. Um simples curioso não descobre mais que o pinturesco do tempo e a expressão das linhas com aquele tom geral que dão as coisas mortas e enterradas. […]  Um dia vi ali aparecer um homem alto, suíças e bigodes brancos e compridos. Era um dos remanescentes da Constituinte, nada menos que Montezuma, que voltava da Europa. Foi-me impossível reconhecer naquela cara barbada a cara rapada que eu conhecia da litografia de Sisson […].

Machado de Assis, 1889

Devido sua importância como obra artística e histórica, a Galeria dos Brasileiros Ilustres foi reeditada duas vezes: em 1948, pela Livraria Martins Editora, integrando a Coleção Biblioteca Histórica Brasileira e em 1999, pelo Senado Federal, fazendo parte da Coleção Brasil 500 Anos.

A “Galeria dos Brasileiros Ilustres”[…] é uma obra que difere essencialmente das de Debret, Rugendas e Ribeyrolles; ao passo que estas cuidam dos usos, costumes e paisagens do Brasil, aquela se limita a estudar somente os homens, fornecendo-nos através de suas biografias e retratos, um espelho fiel de suas personalidades e da época em que viveram. É pois uma obra caracteristicamente documental e de história. Seu editor, o francês Sebastião Augusto Sisson, foi um artista notável e profissional radicado por longos anos no Rio de Janeiro[…]

Nota do Editor em 1948 – 2ª edição da Galeria

Sisson foi também o criador da primeira história em quadrinhos do Brasil, chamada “O Namoro, quadros ao vivo, por S… o Cio”, publicada na revista Brasil Illustrado (1855) para satirizar os costumes sociais de meados do século XIX.

A primeiro História em Quadrinhos do Brasil; S. A. Sisson.

(…) a melhor contribuição de Sisson a nossa incipiente caricatura é sem dúvida a página dupla central do numero 15 de outubro do mesmo ano de 1855, dedicada ao Namoro, Quadros ao Vivo, por S … o Cio. Trata-se evidentemente da primeira história-em-quadrinhos aparecida no Brasil e mostra, em deliciosas cenas cheias de graça e pitoresco, as diversas fases do namoro no Rio daqueles tempos recuado.

Herman Lima, 1963

Em maio de 1882 o governo brasileiro nomeou Sisson como Cavaleiro da Ordem da Rosa, devido aos serviços gratuitos prestados à Biblioteca Nacional na restauração de numerosas gravuras prejudicadas pelo tempo e pela traça.

Sisson cessou sua atividade em 1876 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 8 de fevereiro de 1898.




Referências Bibliográficas

  • PONTUAL, Roberto; Dicionário das artes plásticas no Brasil. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1969.
  • REZENDE, Livia Lazzaro; Do projeto gráfico e ideológico: a impressão da nacionalidade em rótulos oitocentistas brasileiros. Dissertação de mestrado (Programa de Pós-Graduação em Design do Departamento de Artes & Design) – PUC-Rio. Rio de Janeiro, 2003.
  • SEGALA, Lygia; O Retrato, a letra e a história: notas a partir da trajetória social e do enredo biográfico de um fotógrafo oitocentista. In Encontro Anual da Anpocs, 22nd, 1998, Caxambu. GT Biografia e Memória Social.
  • LIMA, Herman; História da Caricatura no Brasil. Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1963.
  • DÓRIA, Escragnolle. Revista da Semana, Rio de Janeiro, 19 jan. 1935.
  • MENEZES, Paulo Roberto de Jesus; Sociedade, Imagem e Biografia na Litografia de Sebastião Sisson. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em História Social, PPGHIS) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.

23 comentários sobre “Sébastien Auguste Sisson

  1. Claudio Trarbach disse:

    Tenho uma litografia de Dom Pedro II e Dona Theresa Christina; me informam que seria de Sebastién Auguste Sisson. Como posso confirmar?

    Muito bom o site; parabéns! Por acaso hoje num sebo uma pessoa me falou do ilustrador Sisson.
    Grande Abraço,
    Cláudio Trarbach

  2. Paulo Menezes disse:

    Olá,

    sou historiador e acabo de defender minha dissertação de mestrado sobre a obra Galeria dos Brasileiros Ilustres editada por Sebastião Sisson. Em minha pesquisa encontrei diversas informações sobre Sisson nos mais diversos arquivos do Rio de Janeiro. Uma informação que me pareceu bastante relevante foi o contato de Sisson com o escritor José de Alencar. Tenho interesse em continuar pesquisando e agradeço a quem puder me inviar mais informaçôes sobre este importante figura da História do Brasil no século XIX.

    Abraços

  3. Eduardo Varela disse:

    Alô, amigos,
    Sou professor, há 28 anos, de uma universidade federal e só agora, por inúmeras razões, pretendo fazer meu mestrado. O tema é a Litografia, arte, técnica e uma das primeiras possibilidades de reprodução em massa de originais. O foco mais central é o que a Litografia representou para a exatidão e qualidade das imagens impressas, e, com as cores, o que significou no mundo das artes e também do comércio. Além de tudo, é técnica que não prescinde da arte – isso é vital para o projeto – estando o seu desenvolvimento inteiramente ligado aos movimentos artísticos europeus e seus reflexos no Brasil. O recorte que imagino é como essa arte chegou aqui, como cresceu e o que recebeu de inovações, representando uma nova cultura visual que surgia nos trópicos. Claro, muitos outros ângulos surgirão no decorrer da pesquisa.
    Pertenço à area da Comunicação e da Arte e imagino poder recorrer a algum aconselhamento dos senhores durante esse trabalho.
    É o que peço.
    Com respeito,
    E. Varela

  4. Paulo Menezes disse:

    Olá Eduardo,

    em meu mestrado tive contato com algumas obras que podem te ajudar. A primeira que talvez te interesse é a dissertação de mestrado intitulada “A Idade da Pedra Ilustrada. Litografia: um monolito na gráfica e no humor do jornalismo do século XIX de Rogéria Moreira de Ipanema. Este trabalho está na biblioteca da Escola de Belas Artes da UFRJ. Outro trabalho que pode interessar é também uma dissertação de mestrado com o título ” A Imagem Negociada: A Casa Leuzinger e a edição de imagens no século XIX. Este trabalho você poderá encontrar na biblioteca do IFCS/UFRJ

    Abraços

  5. Eduardo Varela disse:

    Paulo Menezes,
    Muito obrigado pelas dicas, providenciais; vou procurar essas fontes. Há muito que ler e saber, mas chego lá.
    Sua lembrança foi inestimável.
    Agradeço também a Bárbara, pela gentileza de fazer esta ponte.

    Eduardo A. Varela

  6. Luciano disse:

    Prezados amigos

    Estou pesquisando sobre o trabalho organizado por Sisson, “Galeria dos Brasileiros Ilustres”. Gostaria de obter o e-mail ou o telefone de Paulo Menezes que, em 15 de agosto, deixou um comentário sobre a pesquisa que vem realizando sobre Sisson.

    Atenciosamente

    Luciano Klein Filho

  7. Angélica Resende disse:

    Bom dia.

    Sou graduanda do 5° período de História da UFJF e tenho uma tarefa de produzir um artigo sobre História da Arte. A peça escolhida por mim e minha colega é “As princesas Isabel e Leopoldina” que se encontra no Museu Mariano Procópio. De acordo com nossa fonte, essa peça é um óleo, mas como sabemos que o ilustrador Sisson é especialista em litografia, temos dúvidas se é realmente óleo. Espero que possam esclarecer nossa dúvida.

    Desde já, muito obrigada!

  8. Bárbara Ferreira disse:

    Angélica, a sua amiga é a Daiana?
    Uma Daiana também entrou em contato pelo Blog com a mesma dúvida sua.
    Acabei de responder para ela também. Disse que a obra que conheço onde estão as princesas Isabel e Leopoldina é uma litografia que foi publicada na Galeria dos Brasileiros Ilustres. Acredito que a publicação se encontra na Biblioteca Nacional (RJ). Na reedição da Galeria feita pelo Senado Federal você poderá visualizar a obra e o conteúdo. Baixe neste link: https://familiasisson.wordpress.com/a-historia/ (Galeria dos Brasileiros Ilustres – Volume 2 – págs. 190 a 192)
    Bjs. e bom trabalho pra vcs.

  9. Paulo Menezes disse:

    Caras Angélica e Bárbara,

    na tese de doutorado de Lygia Segala: Ensaio sobre um Brasil Pitoresco: o projeto fotográfico de Victor Frond, são mostradas as fotografias separadas das princesas Leopoldina e Isabel montadas à cavalo que, pela semelhança, provavelmente serviram de base tanto para o “óleo” de Sisson publicado no livro de José Murilo de Carvalho sobre Pedro II, quanto àquela ilustração que faz parte da Galeria dos Brasileiros Ilustres. Segundo a indicação de Lygia Segala nos créditos fotográficos essas fotos pertencem ao acervo particular do embaixador João Hermes aqui no Rio de Janeiro.
    Pesquisando a Coleção Iconográfica Sebastien Auguste Sisson no arquivo do Museu Histórico Nacional encontrei duas litografias das princesas Leopoldina e Isabel em pose diversa daquela de Victor Frond. Caso haja interesse posso enviá-las por email. Esta coleção tem 129 litografias de Sisson dentre elas vários daqueles retratados na Galeria bem como membros da família Imperial.

    Um grande abarço

  10. Bárbara Ferreira disse:

    Oi Paulo!
    Gostaria sim, que me enviasse por email. Se puder encaminhar também para a Daina e para a Angélica seria ótimo. Elas estão pesquisando sobre isto.
    Paulo, obrigada pela sua participação no blog. Suas informações estão ajudando muitas pessoas.

    Grande abraço

  11. Cátia Regina Siston Santos disse:

    Bárbara, há um erro na árvore genealógica da família Siston.

    Consta o seguinte:

    Luiz Carlos Siston (Carlinhos) e Maria da Conceição O Siston tiveram 5 filhos. Não é verdade !

    A verdade é: Luiz Carlos Siston (Carlinhos) casou-se com Amria da Conceição Oliveira Siston e tiveram apenas 3 filhas: eu (Cátia Regina Siston Santos), Carla Cristina Siston e Cláudia Rosane Siston.

    Separaram-se depois de alguns anos, após a descoberta de um caso extra conjugal de meu pai com a Sra. Regina. Deste “caso” nasceram : Luiz Gustavo da Silva Siston e Luiz Fernando da Silva Siston.

    A família aumentou pois eu e minhas irmãs nos casamos: eu me casei com Andre Luiz da Silva Santos e tive 3 filhos: Gabriel Siston Santos, Giovanna Siston Santos e Júlia Siston Santos.

    Carla Siston casou-se com Paulo e teve 2 filhos: Matheus e Nina

    Cláudia Siston casou-se com Hélio e teve 2 filhos: Pedro e Thiago.

    Esta é a verdadeira história desta parte da família.

    Cátia Siston

  12. Patrícia Lima disse:

    Olá, Bárbara,

    Procuro a origem da inspiração de um quadro a óleo de d. Pedro I junto a um cavalo branco. O quadro é contemporâneo, mas o pintor, dizem, provavelmente, copiou uma litografia de época. Você conhece esta imagem? Ao fundo, creio que como montagem, aparece o Paço de São Cristóvão.

    Obrigada, se puder ajudar,

    Patrícia

  13. Bárbara Ferreira disse:

    Olá Cátia!
    Desculpe pelas informações erradas. Montar a árvore é assim mesmo, aos pouquinhos as pessoas vão encontrando o site e dando as informações corretas.
    Acabei de atualizar os dados que me passou. Se tiver mais informações é só me enviar que atualizo na árvore, ok?
    Bjs.

  14. Maria Antonia disse:

    Caras Angélica e Bárbara:

    Eu estou realizando uma pesquisa de doutorado na Unicamp sobre a repercussão do álbum Brasil Pitoresco, de Victor Frond e Charles Ribeyrolles. Gostaria de saber se vocês poderiam me informar o e-mail do Paulo Menezes, que defendeu a dissertação de mestrado sobre a Galeria dos Brasileiros Ilustres.

    Muito obrigada, um abraço

    Maria Antonia Couto da Silva

  15. Marcya disse:

    Oi, Bárbara, tudo bem?
    Vocês daí já ouviram uma história de que o Sisson morreu de um tombo que levou da escada da casa onde morava? Minha vó vivia dizendo isso “Grand Papa morreu ao cair da escada…”, mas eu nunca confirmei essa versão.
    Bem, passei por aqui apenas para reler e acrescentar mais uma curiosidade ao seu excelente trabalho. Abraços!

    • Bárbara Ferreira disse:

      Oi Marcya!! Tudo ótimo!
      Essa é uma informação novíssima pra mim! Será que foi assim que ele morreu!!??
      O que sei é que ele faleceu dia 08 de fevereiro de 1898 e que a família publicou um anúncio fúnebre no Jornal do Comércio que dizia:

      A família Sisson pede a seus amigos o caridoso obséquio de acompanharem os restos mortais de seu prezado chefe, ontem falecido, saindo o féretro da rua Dr. Joaquim Silva, No. 21, Lapa. Para o Cemitério de São João Batista, hoje, às 4 horas da tarde; e por este ato desde já se confessam eternamente gratos.

      Marcya, adoraria conhecer qualquer informação e histórias que vc souber. Estou fazendo uma pesquisa profunda sobre a vida do Sisson para, no futuro, publicar um trabalho sobre isso. Vc não tem nenhuma foto antiga da família? Não tenho nenhuma foto dos filhos do Sisson…

      Obrigada pela visita, querida!
      Beijão pra vc!

  16. Susana Silva disse:

    Olá Bárbara, estava buscando informações biográficas sobre S. A. Sisson em função da litografia de D.Pedro II, quando encontrei este site. Sou mestranda em História e minha pesquisa se volta para iconografia. Neste sentido a leitura dos depoimentos dos professores acima foi muito enriquecedora.
    Sucesso com a pesquisa!

  17. Eduardo A. Varela disse:

    Oi, amigos,
    estou em final de Mestrado – sobre artes gráficas no sec 19 – e gostaria de ter imagens (algumas, além do “Jardim Botânico”, do Álbum do Rio de Janeniro Moderno, de Sisson.
    Agradeço o envio ou indicação de como as achar aqui.

    Obrigado
    Eduardo

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